Como criar conexão emocional com o cliente através da arquitetura
A arquitetura causa sensações, desperta sentimentos e emoções e, por isso, tem uma forte influência na maneira como nos comportamos. Quando falamos de arquitetura comercial é importantíssimo ter isso em mente, pois o espaço se torna um interessante elemento de conexão entre a marca e o cliente. As pessoas criam um vínculo com as marcas que despertam emoções que tem significado para elas, e isso influencia diretamente no consumo destas pessoas.
O projeto de um ponto comercial, seja uma loja, um restaurante ou uma academia, deve ser pensado de forma a colocar o cliente e suas necessidades emocionais em primeiro lugar, enxergando o que cada um pensa e almeja. Desta forma se torna possível conversar com o consumidor de maneira mais próxima e assertiva, e fica mais fácil e natural transmitir os verdadeiros valores e propósitos da marca através de uma arquitetura que atende a todas as necessidades do cliente e proporciona interação. Tudo isso gera identificação e cria uma ligação mais profunda e duradoura entre marca e consumidor, pois a essência do negócio está traduzida no espaço e pode ser sentida pelo usuário. O cliente que se sente verdadeiramente conectado com a marca tende a ser fiel e a compartilhar a sua experiência, isso gera novas possibilidades de vendas, de ligações entre as pessoas e promove a durabilidade e consolidação da marca.
As emoções comandam o comportamento das pessoas e são elas que as levam a ter determinadas atitudes como, por exemplo, entrar em uma loja, pegar um produto na mão, experimentar, ter o desejo de comprar e tomar a decisão de compra. Essa decisão tem maior probabilidade de acontecer quando o cliente entende a identidade emocional da marca e essa identidade está conectada às suas aspirações, atendendo seus desejos subconscientes e trazendo a sensação de satisfação de uma vida gratificante.
Mas que emoções são essas? Como a arquitetura pode gerar essas emoções?
Abaixo listamos algumas das principais emoções, conforme pesquisa feita pela empresa Motista (http://hbrbr.uol.com.br/a-nova-ciencia-das-emocoes-do-cliente/ ), que levam ao consumo e como elas podem estar relacionadas com a arquitetura dos lugares através de alguns projetos que selecionamos como exemplos.
– Sentir-se diferente: a autenticidade está cada vez mais sendo valorizada pelo consumidor. O ambiente precisa ter uma identidade visual ímpar e criativa que se destaque na percepção do usuário, proporcionando a ele uma experiência sensorial e única. Isso pode ser alcançado através das cores, do mobiliário, das formas, dos cheiros e sons.
O projeto deste salão de beleza no Japão, do escritório de arquitetura Bhis, é um ótimo exemplo de como a arquitetura pode envolver e surpreender.
No lugar das paredes convencionais foram criadas divisórias funcionais. São estantes de madeira estruturadas em barras de aço que fazem a separação dos ambientes através de linhas inusitadas que conduzem o usuário pelo espaço e, em vários momentos, se prolongam e se transformam em forro. O resultado visual é incrível e instigante, ao mesmo tempo que faz a separação dos espaços, permite o contato visual entre os ambientes e cria volumes diferenciados dentro do grande salão.
– Sentir-se livre: o ambiente deve proporcionar ao usuário uma livre experiência, sem imposições ou interferências. A forma do mobiliário e da exposição dos produtos deve indicar ao usuário que ele pode e deve manusear os produtos expostos, além de curtir o ambiente.
A livraria FiL, projeto do escritório Halukar, oferece ao visitante diferentes possibilidades. O programa conta com cafeteria, livraria, estações de trabalho e vários espaços de estar. O clima simples e descontraído, conquistado através do mobiliário e dos materiais rústicos como a madeira, o ferro, a corda e a pedra transmite aconchego e é um convite a quem chega. A luz natural, valorizada pelo projeto que tem os espaços de sofás próximos às janelas, é ponto fundamental para o usuário sentir-se confortável e abraçado pelo lugar. Todas essas decisões de projeto colaboram para que a experiência dentro do estabelecimento seja prazerosa e fluida, e leva o cliente a desfrutar do espaço da maneira que ele preferir.
– Sentir-se aceito: o ambiente deve abraçar o cliente, fazendo com que ele se sinta pertencente ao lugar.
O projeto de interiores feito pelo escritório Sarit Shani Hay para a escola King Solomon em Israel, transmite os valores da escola e busca interagir com as crianças através dos espaços criados e do mobiliário, tornando a experiência do aprendizado excitante e prazerosa. Na biblioteca, por exemplo, as estantes de livros têm formato de estações de ônibus, e são como um convite às crianças para viajarem na imaginação com cada livro que leem. As diferentes salas com mobiliários lúdicos e pensados especialmente em proporcionar experiências diversas aos alunos, estabelecem uma ligação com todo o universo infantil e permite que as crianças se sintam parte do lugar e se sintam livres para explorá-lo.
– Sentir-se seguro: o ambiente deve ter coerência entre os elementos e os valores da marca para que o cliente perceba que tudo está alinhado, sentindo-se seguro de que está fazendo a escolha certa. O cliente compra aquilo que entende, e a arquitetura é fundamental para facilitar e contribuir para esta compreensão.
As lojas conceito da poderosa Apple são referência quando falamos em ponto de venda coerente com a marca. As construções icônicas, com design inovador, de longe já transmitem os valores da empresa e buscam que o consumidor tenha uma experiência que vai muito além da compra. Impossível não se sentir seguro em relação ao que está sendo oferecido nestas lojas, pois o consumidor é instigado a aprender, se inspirar, se conectar e não apenas comprar.
De que forma o ambiente da sua empresa está se relacionando com seus consumidores, funcionários e fornecedores?
Prestar atenção em todas essas sensações, que podem ser geradas através da arquitetura, é fundamental para criar emoções positivas nas pessoas, e devem servir de orientação e inspiração na criação de projetos sólidos de arquitetura comercial. Valorizar as experiências vividas pelas pessoas nesses espaços, sempre relacionando com as percepções sensoriais, fortalece o valor da marca, impulsionando as conexões entre as pessoas e o consequente crescimento da empresa.